Superar estereótipos sobre o papel da mulher na família e na sociedade é ainda um desafio, mesmo quando o atrativo é a profissionalização. É o que constatam profissionais da educação que atuam na modalidade Mulheres Mil do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Em vários campus do IFSC onde Mulheres Mil é ofertado, uma constatação comum: é preciso abordar cada vez mais os direitos da mulher, indicar acesso à informação sobre organismos de proteção e ampliar o cuidado, o acolhimento a essas pessoas.
Uma pesquisa interna do IFSC ainda em fase de compilação dos números, entre outros indicadores, mostrou que um terço das 148 respondentes apontaram a violência doméstica como um dos problemas que enfrentam em seu cotidiano. Mapear o perfil da mulher que frequenta as aulas do IFSC/Pronatec é necessário para verificar se “oque oferecemos são os serviços que elas precisam” diz a assistente social Ania Tamilis da Silva. O questionário com público variado em escolaridade e idade mostra, segundo ela, que é preciso enfocar as questões de cidadania e ética, um dos conteúdos do programa voltado à população em vulnerabilidade social. O foco principal é propiciar informações sobre a rede de proteção à mulher, quais os órgãos públicos devem ser procurados e os serviços de assistência com medidas protetivas no caso de denúncia de violência. Coordenadores do programa também convidam profissionais dos órgãos públicos da área de defesa da mulher para palestrar nos cursos e explicar os caminhos a serem seguidos nestas situações.
Uma das atividades iniciais dos cursos do Pronatec/Mulheres Mil é a elaboração de um “mapa da vida” da aluna visando ao reconhecimento da trajetória e perspectiva profissional. Contudo, no exercício, muitas delas trazem questões pessoais e, inclusive, indicam situações de violência. A partir destes relatos o programa verificou a importância de intensificar o assunto nas aulas. Num dos campus, um psicólogo acompanha as aulas, o que propiciou um diferencial grande no apoio a mulheres que sofrem violência doméstica. A modalidade Mulheres Mil do Pronatec teve mais de 4 mil vagas em 16 dos 22 campus do IFSC em 2014. Aos poucos surgem os resultados das formações já oferecidas, como a elevação da autoestima, mudança nas relações familiares, com empoderamento e melhora do desempenho escolar dos filhos, e formalização de empreendimentos para geração de renda. Algumas das alunas começam a romper com a situação de dominação. Ao trabalhar a auto-estima das mullheres, “elas passaram a se dar conta do cerceamento de liberdade, e de reconhecer sua própria condição”, afirma Ania. Aos poucos a própria atitude das mulheres muda no relacionamento familiar. Num dos campus, as alunas conseguiram trazer os maridos para assistir a palestra sobre violência contra a mulher “foi uma vitória para elas levá-los a ouvir sobre o assunto”, destaca a assistente social.
Para mais informações/entrevista:
Ania Tamilis da Silva Witt Assistente Social Diretoria de Extensão/IFSC