Ponto turístico de Florianópolis, o Canal da Barra da Lagoa é conhecido como área de pesca e lazer. E os frequentadores do local podem ficar tranquilos quanto à qualidade da água. Segundo a pesquisa, Caracterização do Canal da Barra da Lagoa, Florianópolis/SC: importância para o ecossistema costeiro, de autoria das alunas do Curso Técnico em Meio Ambiente do Câmpus Florianópolis (IFSC), Caroline Dala Rosa e Gabriela Dias Claumann, sob orientação e coorientação das professoras Débora Monteiro Brentano e Maria Angélica Bonadiman Marin, respectivamente, os resultados são positivos, sendo importante ressaltar a presença de uma área remanescente de vegetação e fauna nativas que favorecem a manutenção desse ecossistema.

“Com esse trabalho queríamos caracterizar o tipo de uso e ocupação que ocorre em três trechos do canal e analisar a qualidade da água nesses mesmos pontos, pois se sabe que o canal é utilizado por embarcações de lazer e pesca, é um atrativo para restaurantes e pousadas, além de ser utilizado por banhistas.  Assim, sendo importante para a saúde pública e a preservação do ecossistema”, justificam Gabriela e Caroline.

Os resultados referentes à condutividade elétrica, o cloreto e a salinidade demonstram que durante a maré enchente (fluxo de água no sentido mar - Lagoa da Conceição), conforme esperado, ocorre uma maior entrada de águas salinas no interior do Canal quando comparado com os resultados durante a maré vazante (fluxo de água no sentido Lagoa da Conceição - mar). O ponto 1 (próximo aos barcos pesqueiros – mais ao centro da Barra da lagoa) é o local onde mais ocorrem essas alterações devido a sua proximidade com o Oceano Atlântico. 

Porém se observa que os valores de nitrogênio que estiveram superiores à legislação foram coletados no dia de maré vazante, o que pode indicar a liberação de esgoto recente local somado à concentração advinda das águas provenientes da Lagoa da Conceição. Já a salinidade superior aos valores indicados para água salobra, mesmo no momento de maré vazante, explica-se pela abertura permanente do Canal, o que faz com que mais água salina percorra ao longo do Canal, alcançando por consequência a laguna.

As variáveis cor e turbidez refletem esta dinâmica. Pode-se notar uma significativa diferença dos aspectos da água durante a maré enchente, tanto quantitativa quanto qualitativamente, indicando uma melhor qualidade quando há entrada da água do mar. A turbidez é um parâmetro de qualidade da água que indica a quantidade de substância em suspensão e seu aumento pode reduzir a penetração da luz na água, enquanto a cor indica a quantidade de substância dissolvida.

Em relação aos aspectos visuais, óleos e graxas foram observados apenas durante o período de maré vazante, nas proximidades de embarcações. Já os materiais flutuantes foram avistados somente no ponto 3 (área de restaurantes e pousadas) no período de ambas as marés, provavelmente devido à hidrodinâmica do Canal e ao formato meândrico nesse ponto, além de estar localizado próximo à Lagoa da Conceição. 

Contudo, quando a água flui apenas da Lagoa da Conceição para o oceano, pode-se observar incremento de nutrientes acima do parâmetro legal, além de maior quantidade de material em suspensão e dissolvido. A caracterização dos trechos possibilitou a observação do estado, uso e ocupação atual das margens do Canal. Destaca-se a grande quantidade de trapiches adentrando o Canal e construções próximas às margens, desrespeitando as leis que incidem sobre a orla devido aos interesses imobiliários e econômicos. 

Os resultados das análises foram comparados com a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama nº 357/2005) para águas salobras de classe 1. As coletas foram realizadas em dias de maré vazante e enchente.