Mestres, verdadeiros mestres, sábios, divertidos e cultos tradutores desta intrincada legislação, é o que a natureza espera. Que romanceiem e contem histórias, que desconstruam as barreiras, desarmem os espíritos.
Como Malba Tahan, um professor brasileiro de matemática que encantava, que fazia a mente de assustados e arredios alunos viajarem nesta “disciplina”, de forma prazerosa. Costumava dizer que os professores de matemática, regra geral, são sádicos, sentem prazer no terror ou pânico que provocam. Isto sucede em todas as áreas do conhecimento, na Medicina, no Direito,... Mas a Matemática é um caso ótimo de ser analisado, tortura diariamente, a vida inteira, grande número de traumatizadas presas, reféns de método e mentores incompetentes ou cruéis. Sim, há uma crueldade em ver aquele olhar sem brilho, aquele engolir em seco suplicando por entendimento do aluno, e seguir na doutrinação que só faz vítimas. Eu, como adoro esta ciência, hoje com contornos de arte, assisti e assisto este moto-perpétuo da ignorância estimulada.
O Meio Ambiente também virou um ambiente hermético, poucos detém o manto desta sabedoria. E não faz o menor sentido, a Ecologia e a Economia, irmãs siamesas, são encantadoras. Tudo começa lá no Planalto Central, lá os investidos desta tarefa, de desenhar o futuro desta relação fraternal que se tornaram irmãs que se odeiam, sofrem do mal dos Professores de Matemática. Neste caldo, só cartórios e pedágios, nossa herança maldita ibérica.
A Natureza, que deveria ser percebida, entendida e compreendida numa só aula magistral, passa a ser aquela disciplina que aterroriza, que dá notas e reprova, repreende e assusta. E aí temos que contratar aula particular, terapeuta, coach, e lidar com uma baixa auto estima para o resto da vida. Algo simples, mas tornado complexo, e defendido por corporações e estruturas burocráticas, que sugam e aterrorizam algo tão belo e simples. Não é sadismo?
Nestes tempos de reclusão, uma leitura interessante, que ensina Matemática, a número um da rejeição, em uma viagem prazerosa.
Como um Malba Tahan, mestres na legislação ambiental que a tornem humana, na dimensão e compreensão do homem, humildes e sábios, como o são os mestres. E esta forma de desenhar as relações de nossas ocupações e intervenções com a paisagem devem permear a sociedade. Na escola, em casa, em tudo que vemos está uma mensagem desta relação, hoje desta maldita relação. Sem encantarmos, divertidamente, as mentes jovens, difícil esta tarefa. Malba Tahan contava histórias, fantasiava, vendia seu peixe com fundamento, enraizava o conhecimento e o gosto por ele. E como esta revolução não aconteceu, não nos livramos dos sádicos professores de matemática? Ah, jovens, tem uma escuridão, um lado escuro das coisas que vive deste medo, desta ignorância.
Então, com ou sem mestres iluminados no grau maior, procuremos encarar a necessidade de estudarmos, sem medo, não é bicho papão o ambiente natural. A maior parte da legislação precisa ser revista, a maior parte dos técnicos do Direito e da Ecologia são cúmplices deste processo enfermo. Queremos saber mais sobre algum tema, pesquisemos, sem medo. Busquemos professores cultos e divertidos, sábios, que ilustrem, que façam analogias, que façam nossas mentes estruturarem um pensamento, um entendimento.
Lagoa das Capivaras, Dunas do Siriú, Banhado da Palhocinha, Mudanças Climáticas, Erosão Costeira, Permeabilidade, Cunha Salina, Ilhas de Calor, Recarga de Aquìfero, e por aí vai, um sem fim de questões que precisamos estudar, entender, entender bem. Desconfie de quem inicie frases com “a grande verdade”..., uma toupeira. Preste atenção em quem use “ache, talvez, quem sabe, vamos pesquisar”.....Preste atenção em quem conta uma história, não um conto de terror.
Não estamos falando de todo este investimento coletivo por preciosismo, não se trata de uma praça ou árvore, uma espécie que queiramos preservar. Se trata de toda a nossa paisagem, Garopaba é Meio Ambiente, e que sem ele, ela não valerá muito, eu acho...
Seminários e eventos sócio ambientais, mestres a serviço do saber, e não a serviço de cartórios e corporações, ou da escuridão. Disto precisamos. E aí, a sociedade, lentamente embarca e se engaja, sem medo porque se apropriou de um saber mais verdadeiro, entendeu a lição e quer mais.
Texto Kiko Simch - Engenheiro Agronomo Paisagista @kikosimch
Fotos - divulgvação