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BOM SENSO, DIÁLOGO E CORAGEM

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Não é fácil carregar o ônus de ser tão bela, né Garopaba?

Cada canto, um pepino. Diz um bairro, uma praia, uma rua, ali tem rolo.

E bota rolo nisto. A maioria nem sonha...

Adoro a expressão chuta uma moita e salta uma lebre, um problema que ninguém via, tava ali.

Um exemplo...

Servidões e ruas centenárias que tinham um desenho funcional e que  sangravam os limites das propriedades, com a subdivisão maior e venda para não-agricultores, foram interrompidas por cercas, muitas das vezes. Um detalhe bobo, coisa normal comprar e cercar, óbvio né. Mas não é tão simples, os terrenos são tripas e a antiga servidão serpenteava, entrava e saia da gleba, costurava a paisagem, unia a colcha de retalhos. Sim, eram retalhos, lavouras das mais diversas, cada qual com uma textura e cor. Lá milho, acolá cana, ao lado pasto, ali capoeira, e este mosaico cobria a paisagem.

 

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Antigas servidões e caminhos por onde passavam os carros de boi e a produção era escoada respeitavam a paisagem, a força da parelha e a destreza do condutor. Lançar as ocupações a partir desta malha seria o natural, como foi feito neste projeto na Praia do Silveira.

E os caminhos antigos ziguezagueavam morro acima, como um sistema de vasos sanguíneos alimentava e atendia este conjunto. A luz de um olhar urbano, amparado por um bom advogado o feliz proprietário, neste gesto bobo e inconsequente, dá início a um processo de fratura, de interrupção desta unidade, deste tecido. A ironia é que mesmo com quase tudo virando mato, sem lavoura, uma paisagem que parecia íntegra e preservada, foi agredida como nunca antes. Cercas em tripas precisam de ruas retas e burras, quase impossíveis de construir e depois, de subir. As águas descem por elas com uma energia voraz. Antes, os vizinhos se juntavam em mutirões e abriam os desaguadores que impediam da água fazer maiores estragos. E olha que casco de boi e roda de carreta fazem um estrago daqueles. Mas estradas e a sua necessidade uniam as pessoas.

 

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Muitas vezes a largura da via, a principal chaga na nossa  paisagem talvez, é culpa da lei e de quem a interpreta, e não da vontade de quem a executa. O carro sendo repensado e nós ainda pensando em avenidas.

 

E hoje, títulos de propriedade, cercas, pouco conhecimento de urbanismo e de desenho viário da nossa parte, dá nisto, prestem atenção, está ficando bem óbvio o estrago: ruas retas morro acima reforçadas com iluminação e permitindo entrar menos água no solo e armazenando menos no freático. Cuidemos da permeabilidade do solo, desenhemos bem a ocupação dos morros e o sistema viário que a atende. A taxa de permeabilidade está errada, é baixíssima, temos que rever.

 

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Moiroes de pedra, testemunhas do passado e sem arames, uma divisa amigável. A implantação orgânica das vias e das casas, sem a rigidez das  cercas seria o ideal. Precisamos ousar.

Um detalhe, uma coisa pequena como a partilha das propriedades, o fechamento das servidões, o individualismo aparentemente sem consequências, uma bomba-relógio. Ninguém sabia, ninguém anteviu? Duvido. 

É muita burocracia, somada a muita desatenção. Vemos o desastre, iminente ou não, e prá mexer, o trabalho que dá. Unir os interessados, engajar o entorno e dialogar com o resto deveria bastar. Mas que nada, é projeto é laudo, é parecer, é palpite, é rolo, pronto, travou.

A areia das dunas, fácil de resolver se houvesse bom senso e diálogo. Não tem muitas soluções possíveis a partir da encrenca herdada, uma artéria passando ali e um caixa com restrições. Tá na pauta, vamos ver no que dá.

A arborização da cidade, na pauta e no limbo idem.

A despoluição visual, na mesma.

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 O acesso e estacionamento ao canto norte da Silveira, Mandrake fazem 7 anos, por aí. E falo de algo visível, que berra, que viaja na internet em imagens de Garopaba neste mundão. Não tem muito o que fazer, são poucos os desenhos possíveis, mas tem gente turrona com os braços cruzados, esperando o desastre.

Um mapa da cidade e seus pepinos, seus icebergs e areias movediças, se tivesse tempo, desenhava. Impactar, com imagens e humor, uma útil ferramenta.

Assim, entre coisas visíveis e outras não tanto, a quantidade de trabalho que temos é gigante. Cuidar desta paisagem, garantir seu valor, é coisa prá gente grande. Grande de espírito, de vontade, de determinação, de competência, de coragem.

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Porque o entorno das casas tem que ser pavimentado não deixando a água  entrar no solo? Porque o carro tem que ter garagem, filhote da arquitetura que se espraia? Porque nossas intervenções tem que ser tão gritantes, egoístas?

Quem quiser desfilar com esta companhia desejada, se exibir, dizer que é vereador ou prefeito de Garopaba, vai ter que trabalhar, vai ter que ter tutano nos ossos. E os que se exibem, dizendo que moram ou tem casa aqui, também.

 

Texto Kiko Simch - Engenheiro Agronomo Paisagista @kikosimch

Fotos - @likoska69




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