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GAROPABA, como a LEVI’S, THE ORIGINAL.

 

Não foi a crise que fez com que Garopaba virasse destino bastantão.  

Moradores, cada vez em maior número, estão perdendo um pouco daquele sentimento de zelo, de apego ao território. A beleza do local , nos primórdios, trouxe exóticos que veneravam a jóia encontrada. Estes, trouxeram amigos que comungavam com este sentimento, num crescimento gradual, lento. 

Num determinado momento, favorecido por acesso mais fácil e uma degradação geral da qualidade de vida das cidades que já costumavam exportar curiosos para cá, iniciou-se uma peregrinação. Conhece Garopaba? Tem que conhecer. Tem que carimbar teu passaporte lá. Não tem prédios, é seguro, o mar é uma maravilha, vida simples é a toada lá.

 

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Grata surpresa em assistir, do nada, o pintor Fernando Zensho montar seu cavalete na beira da rua e pincelar uma de nossas paisagens mais consagradas, o Canto Sul da Silveira. 

 

E assim, num crescimento geométrico de imigração, então já com menos zelo e apego ao local, foram chegando bandos de estrangeiros. Adoram aqui? Sim, claro. Enchem o peito ao dizer que têm casa ou moram em Garopaba? Sim, claro, aqui é diferente, é objeto de desejo, ainda. Mas já são pessoas que vem num misto de rejeição à vida que levavam com uma adoração e entendimento ao local de destino, no caso , Garopaba. A força de coesão é grande, mas não é como antes. O sentimento de zelo e apego é menor, compreensível. Até porque a cidade, cada vez maior e mais intensa, não exibe com facilidade seus maiores atributos. É muito fácil passar a viver aqui sem conhecer sua história e gente, suas entranhas e alma.

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Engenhos de farinha, um levantamento recente relacionou perto de 60 no município. Nem todos ativos.
Neste, no Canto Sul da Silveira, um evento familiar e cultural é festejado todos os anos, quando Seu Adílio mostra  seu ofício e uma quantia desta preciosidade é disputada pelos amigos e vizinhos. O valor disto? Não tem preço.

 

Toda esta volta para chegar num ponto. O da cidade se mostrar como é na sua essência, suas belezas culturais e naturais, suas sutilezas, seu silêncio, sua paz, exibir seu conteúdo. E não tanto a forma. Serão eventos culturais e ambientais que costurarão este resgate, esta retomada. Mega eventos que, se o locutor não gritar Alô Garopaba, o assistente poderia dizer que está numa Festa de Peão ou do Carangueijo Manco. É muito mais fácil para um gestor público fazer um evento enorme nos moldes patrocínio-de-cerveja e revista-ao-entrar do que vários pequenos, um em cada bairro ou recanto do município. Estes, cada um com sua particularidade, com sua mensagem. Só que estes, pequenos, nascem na comunidade, na vontade e participação de amigos, vizinhos. 

Cabe então aos cidadãos se organizarem e fazerem este trabalho. Cidade vazia durante 9 meses? Ou pior, não tanto mas quem vem não consome o que oferecemos? 

O que temos para oferecer? Trilhas, matas e cachoeiras, gastronomia, praias, vistas fabulosas. Só isto? Isto não segura um turista mais do que 3 dias. E se chover, nem se fala.

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Um dos pontos turísticos mais registrados em Garopaba é  a Pedra Branca, uma sentinela rochosa que se sobressai  nas encostas verdes da Encantada, e de onde se pode apreciar grande parte da região.

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Trilhas na mata, onde já cruzaram carros de boi e a história do povo que forjou esta paisagem, são umas de nossas mais poderosas mensagens, são registros plásticos únicos. Não é um simples passeio, é uma incursão na geografia e na história, desde que o turista seja conduzido e iniciado por alguém que conheça e venere este ambiente.

 

Tinha que ter feira de rua a cada 15 dias, show de música na beira da lagoa, no costão, nas dunas, teatro de bonecos na praça, aula de artesanato, eventos ligados ao bem estar. Quer maior concentração de massagistas e afins por m2 que aqui? Congresso de massoterapeutas, seminário de técnicas de conexão com o cosmos, cursos de alimentação natural, workshop de sustentabilidade, técnicas de bioconstrução, aulas de faça-você-mesmo, concurso de pesca, pista de agility para cães e provas, cavalgadas organizadas, tour náutico nas lagoas, olimpíada de matemática, xadrez,... a cada 15 dias algo assim. Inundar a cidade e a agenda das pessoas com atividades que representem o estilo de vida e a marca Garopaba, até então com algum valor.  

Já temos algumas importantes atividades que tem data esperada por seus fãs na agenda turística da cidade. Dança, Festas Juninas, Futebol, Surf, Beachtennis, Farinhadas, Desfile de Carros de Boi, Corrida de Canoas, Festas Religiosas, Reveillon, entre outras. Temos então já algumas consagradas e bem organizadas alternativas ao turismo de fora, e de entretenimento local, que é tão importante quanto.

 

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Para mim o grande acontecimento na cidade dos últimos tempos: Encontro de Pintura ao Ar Livre. Este ano serão 4 dias de arte na rua, entre 25 e 29 de março, com artistas e amantes da arte interagindo nas ruas do centro histórico e na beira mar.

 

De novo, o ponto a atingir. Serão as pessoas organizadas nas suas ruas e bairros, nos seus hobbies e práticas esportivas, culturais e de lazer que preencherão este calendário tão ocioso, do que fazer com significado e qualidade em Garopaba.

E cabe ao empresariado apoiar, pois são os que mais estão penando com este vazio, este vácuo na geração de consumidores da marca Garopaba, a original.

Em tempos de copia e cola, não precisa ir longe, basta estudar o “case Centro Histórico”. Em pouco tempo, associação de moradores dedicados e ativos zelam e cuidam do seu espaço. Mas foram atividades bem projetadas como o Encontro de Pintura ao Ar  Livre, o Arraial Junino, e diversos eventos menores ao longo do ano que criaram um espírito de corpo local, uma apropriação do espaço publico, e do seu desenho e destino. Basta frequentar e se inspirar, e arregaçar as mangas.

E aí a cidade se fortalece, com fundamentos. E aí, se Deus quiser, democraticamente, o consumidor elegerá entre eventos com significado e eventos lugar-comum. E o empresariado, atento, apoiando aquilo que for mais apropriado. Porque só se queixar que o mar não está para peixes, não levou a nada. Aliás levou, levou ao bonde do Tigrão, ao avião falante, e outras atrocidades. Mas, democraticamente, e labutando...

Texto Kiko Simch - Engenheiro Agronomo Paisagista @kikosimch 

FOTOS -   @likoska69




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