Nossa cidade é pródiga em belezas e recursos naturais e culturais.
Nós, os ocupantes do território, poderíamos estar a altura desta
paisagem.
Existe uma tensão social entre o antigo e o novo, tanto em questões
fundiárias, ambientais e políticas , como em questões culturais. O novo e o
antigo não estão em harmonia, somos unânimes em nos eximir de
responsabilidade.
Completando o caldo, a arrecadação é insuficiente ou mal distribuída para
resolver de forma ideal cada tema que cai no nosso colo para resolver.
Com tantas fragilidades, interesses permeando, como podemos pensar
que soluções ótimas surgirão? Surgirão razoáveis, no máximo, boas.
O que assistimos hoje? Prepondera a falta de diálogo entre os grupos que
se formam diante de cada questão. É impressionante a convicção, a
parcialidade e o sectarismo que estabelecem o campo de batalha, que
organizam as barricadas. É impressionante.
Mas serão a diplomacia, o respeito, a pedagogia, o estudo, o bom senso e
a boa vontade que transformarão esta matéria prima num produto
adequado, justo e promissor.
Uma das coisas boas de Garopaba é a qualidade de vida que se pode ter
aqui. Tempo é o luxo daqui. Mas também pode ser a oportunidade de
gastá-lo mal. Vamos gastá-lo bem?
Em tempo, não será uma eleição que organizará estas demandas e as
resolverá de forma apropriada.
Será no comportamento de cada um de nós. Se em cada casa, cada rua,
cada bairro, cada café, cada esquina, cada banco de praça, cada corredor
de mercado as pessoas buscarem ouvir com atenção o outro, aí teremos
chances de gerar algo harmônico. Estes locais de convívio e encontro que
relacionei acima são fóruns políticos, e os observo com atenção, sempre.
Ah, impossível! Nem vou perder meu tempo! Fulano não vai mudar,
etc...Ok, só não aposte demais na eleição, quem determinará o rumo de
Garopaba será nossa participação, nossas atitudes e exemplos. De cada
um de nós.
As praias tem sido nossas praças e parques, erroneamente. Suas belezas
ofuscaram o nosso planejamento urbano, que carece tremendamente de
espaços urbanos públicos de qualidade. A altura de nossas praias. Praia é
diversão, tal qual circo é fundamental, mas é diversão.
Já os bancos de praça tem algo único, uma intimidade compartilhada.
Guardam memórias e são facilitadores da comunicação, do diálogo, da
mudança. Ali o passado reservará ao presente histórias, antagonismos são
atenuados, num banco se embarca numa viagem lado a lado.
Texto Kiko Simch - Engenheiro Agronomo Paisagista @kikosimch
FOTOS - @likoska69