O Brasil nunca tinha vencido a etapa sul-africana do World Surf League Championship Tour até Filipe Toledo quebrar esse tabu no ano passado. Agora, ele voltou a brilhar nas direitas de Jeffreys Bay conquistando o bicampeonato no Corona Open J-Bay na final com o mesmo australiano Wade Carmichael que derrotou na decisão do Oi Rio Pro em Saquarema (RJ). Esta foi a quinta vitória consecutiva do Brasil nas seis etapas da temporada completadas nesta quinta-feira em Eastern Cape, na África do Sul. Filipe vai competir com a lycra amarela do Jeep Leaderboard na próxima, o Billabong Pro Teahupoo, de 10 a 21 de agosto no Taiti.
Ele já havia assumido a liderança na corrida pelo título mundial quando ganhou o duelo brasileiro das quartas de final com Gabriel Medina. Foi uma grande bateria, com os dois somando ondas no critério excelente dos juízes no placar de 17,50 a 16,03 pontos. Com a vitória, Filipe já passou para o primeiro lugar no ranking porque no confronto anterior, o sul-africano Jordy Smith tinha barrado o ex-número 1, Julian Wilson, da Austrália. Depois, Filipe Toledo passou pelo japonês Kanoa Igarashi com incríveis 18,90 pontos de 20 possíveis, recebendo notas 9,57 e 9,33 nessa disputa pela última vaga na grande final.
“Eu sempre sonhei em conseguir duas vitórias seguidas no mesmo evento e não poderia ser mais especial isso acontecer aqui em J-Bay”, disse Filipe Toledo. “No ano passado deu altas ondas, esse ano tivemos boas ondas também todos os dias e só tenho que agradecer à Deus. Obrigado Jesus, minha família e a todos que torcem por mim. Eu me sinto muito abençoado agora por tudo que vem acontecendo comigo esse ano”.
A decisão do título começou com Wade Carmichael completando a primeira onda da bateria, mas logo Filipe Toledo respondeu iniciando seu ataque com uma rasgada 360 animal, ainda faz mais duas manobras fortes, acelera para entrar num tubo e na saída erra a finalização na junção. Mesmo assim, o brasileiro larga na frente com nota 8,50 contra 7,33 do australiano. Na segunda onda que eles surfaram, Wade foi melhor e ganhou 8,00 contra 6,93 do Filipe, que continuava em primeiro com 7,44 pontos de vantagem.
Filipe pega a terceira onda primeiro, mas não consegue aumentar seu placar e a prioridade de escolher a próxima fica para o australiano. Enquanto Wade aguarda, o brasileiro fica pegando as ondas que ele deixa passar e acha uma que abre uma longa parede para ele novamente apresentar seu arsenal de manobras modernas e progressivas para ganhar 8,30 dos juízes, com Carmichael passando a precisar de 8,80 para vencer nos 5 minutos finais.
O tempo vai passando, ele segue no outside esperando por uma onda maior e só pega uma no minuto final, mas erra a primeira manobra. Filipe entra na de trás, erra também a primeira manobra e a prioridade volta para o australiano, que ainda acha outra onda nos últimos segundos, sai fazendo manobras, acerta dois floaters, tenta o aéreo, não completa e o bicampeonato de Filipe Toledo no Corona Open J-Bay foi confirmado por 16,80 a 15,33 pontos.
“Quando chega o dia final, pra mim é tudo ou nada e eu arrisco mesmo as manobras para tirar notas mais altas”, disse Filipe Toledo, que nunca perdeu uma decisão de título nas sete finais que disputou em etapas do CT. “Essa é sempre a minha estratégia: vá em frente ou volte pra casa. As finais são aquelas baterias em que você ou é primeiro ou segundo, não há perdedores, por isso eu vou com tudo e tento fazer tudo o que sei nas ondas. Esse é sempre o meu foco, pois é para isso que eu treino bastante antes dos campeonatos”.
No ano passado, Filipe Toledo apresentou uma nova abordagem nas ondas de Jeffreys Bay, jamais vista em toda a história do evento nas direitas mais longas do mundo. Pois nesse ano, ele repetiu o feito e conseguiu metade das dez maiores notas da edição 2018 do Corona Open J-Bay. A vitória dessa vez não foi com nota 10 como em 2017 contra o português Frederico Morais, mas Filipe Toledo novamente dominou toda a bateria do bicampeonato. Wade Carmichael foi derrotado mais uma vez, no entanto ultrapassou Willian Cardoso e agora encabeça a lista dos melhores estreantes da temporada na sexta posição do ranking, pois o catarinense caiu do quinto para o sétimo lugar.
“Eu não tinha grandes expectativas para este meu primeiro ano no CT, então estou realmente feliz pelos bons resultados que já consegui”, disse Wade Carmichael. “Eu só quero continuar melhorando o meu surfe e me divertir, então quero seguir assim que vem dando certo. Estou aproveitando cada minuto de tudo e só tenho que agradecer a todos. Este lugar é incrível e me sinto em casa nessa onda maravilhosa. Adoro isso tudo aqui e obrigado mais uma vez por todo o suporte durante essa semana”.
JEEP LEADERBOARD – Com o resultado do Corona Open J-Bay, apenas os dois primeiros do ranking vão brigar pela lycra amarela do Jeep Leaderboard na próxima etapa, Filipe Toledo e o australiano Julian Wilson, que vai defender o título do Billabong Pro Teahupoo conquistado na final do ano passado contra Gabriel Medina no Taiti. O campeão mundial de 2014 subiu da quarta para a terceira posição no ranking, mas não consegue ultrapassar a pontuação atual de Filipe Toledo, mesmo que vença outra vez o campeonato nos tubos mais temidos do mundo.
A expectativa de todos agora é saber se alguém poderá parar a série de vitórias verde-amarelas no World Surf League Championship Tour deste ano. Julian Wilson ganhou a primeira na Gold Coast e as outras cinco foram vencidas por brasileiros. Depois, o potiguar Italo Ferreira foi o campeão do Rip Curl Pro Bells Beach também na Austrália, Filipe Toledo conseguiu seu segundo título no Oi Rio Pro em Saquarema, Italo Ferreira conquistou sua segunda vitória no Corona Bali Protected, Willian Cardoso festejou a primeira dele no Uluwatu CT também na Indonésia e agora Filipe Toledo também venceu sua segunda etapa no ano em Jeffreys Bay.
O ranking também segue dominado pelo Brasil, com Filipe Toledo em primeiro lugar, Gabriel Medina em terceiro, Italo Ferreira em quarto e Willian Cardoso em sétimo. Além deles, mais três também estão no grupo dos 22 primeiros que são mantidos na elite para o CT do ano que vem, o cearense Michael Rodrigues em 11.o lugar, o campeão mundial Adriano de Souza em 16.o e o catarinense Tomas Hermes fechando a lista na 22.a colocação. Os outros terão mais cinco etapas para entrar na zona de classificação, ou então confirmarem suas permanências entre os dez indicados pelo ranking do WSL Qualifying Series.
FEMININO EM J-BAY – A competição masculina do Corona Open J-Bay foi encerrada e nesta sexta-feira começa o prazo da etapa feminina que volta a ser disputada na África do Sul depois de 18 anos. Faz tanto tempo que as atuais top-17 da World Surf League nunca competiram nas direitas de Jeffreys Bay. A cearense Silvana Lima está escalada na segunda bateria com a bicampeã mundial Tyler Wright e a também australiana Bronte Macaulay. E a gaúcha Tatiana Weston-Webb, que tem chances de brigar pela ponta do ranking nesta etapa, entra na quinta bateria com a australiana Keely Andrew e a norte-americana Courtney Conlogue.
Acompanhem a transmissão ao vivo do Corona Open J-Bay pelo Facebook Live da World Surf League acessando também pelo www.worldsurfleague.com e a primeira chamada para o início da competição feminina será as 7h30 da sexta-feira na África do Sul, 2h30 da madrugada no fuso horário de Brasília.
RESULTADOS DO ÚLTIMO DIA DO CORONA OPEN J-BAY:
Bicampeão: Filipe Toledo (BRA) por 16,80 pontos (8,50+8,30) – US$ 100.000 e 10.000 pontos
Vice-campeão: Wade Carmichael (AUS) com 15,33 pontos (8,00+7,33) – US$ 55.000 e 7.800 pts
SEMIFINAIS – 3.o lugar com 6.085 pontos e US$ 30.000 de prêmio:
1.a: Wade Carmichael (AUS) 13.77 x 13.30 Jordy Smith (AFR)
2.a: Filipe Toledo (BRA) 18.90 x 14.17 Kanoa Igarashi (JPN)
QUARTAS DE FINAL – 5.o lugar com 4.745 pontos e US$ 19.000:
1.a: Wade Carmichael (AUS) 12.87 x 10.40 Conner Coffin (EUA)
2.a: Jordy Smith (AFR) 13.43 x 12.96 Julian Wilson (AUS)
3.a: Filipe Toledo (BRA) 17.50 x 16.03 Gabriel Medina (BRA)
4.a: Kanoa Igarashi (JPN) 15.17 x 12.44 Sebastian Zietz (HAV)
PRIMEIRA FASE FEMININA DO CORONA OPEN J-BAY:
1.a: Johanne Defay (FRA), Sally Fitzgibbons (AUS), Sage Erickson (EUA)
2.a: Tyler Wright (AUS), Silvana Lima (BRA), Bronte Macaulay (AUS)
3.a: Lakey Peterson (EUA), Malia Manuel (HAV), Bianca Buitendag (AFR)
4.a: Stephanie Gilmore (AUS), Nikki Van Dijk (AUS), Macy Callaghan (AUS)
5.a: Tatiana Weston-Webb (BRA), Keely Andrew (AUS), Courtney Conlogue (EUA)
6.a: Carissa Moore (HAV), Caroline Marks (EUA), Coco Ho (HAV)
TOP-22 DO JEEP LEADERBOARD – RANKING WSL 2018 – após a 6.a etapa na África do Sul:
01: Filipe Toledo (BRA) – 35.900 pontos
02: Julian Wilson (AUS) – 31.960
03: Gabriel Medina (BRA) – 25.685
04: Italo Ferreira (BRA) – 25.415
05: Jordy Smith (AFR) – 21.910
06: Wade Carmichael (AUS) – 21.805
07: Willian Cardoso (BRA) – 21.405
08: Michel Bourez (TAH) – 21.040
09: Mikey Wright (AUS) – 19.200
10: Griffin Colapinto (EUA) – 18.280
11: Owen Wright (AUS) – 16.940
11: Conner Coffin (EUA) – 16.940
11: Michael Rodrigues (BRA) – 16.940
14: Adrian Buchan (AUS) – 16.915
15: Kolohe Andino (EUA) – 16.245
16: Adriano de Souza (BRA) – 14.850
17: Kanoa Igarashi (JPN) – 14.745
18: Frederico Morais (PRT) – 13.860
18: Jeremy Flores (FRA) – 13.860
20: Ezekiel Lau (HAV) – 13.755
21: Sebastian Zietz (HAV) – 12.615
22: Tomas Hermes (BRA) – 11.920
--------outros brasileiros:
26: Yago Dora (BRA) – 9.335 pontos
27: Jessé Mendes (BRA) – 8.290
33: Ian Gouveia (BRA) – 5.800
35: Miguel Pupo (BRA) – 2.925
36: Caio Ibelli (BRA) – 2.520
38: Wiggolly Dantas (BRA) – 2.085
39: Alejo Muniz (BRA) – 1.665
42: Deivid Silva (BRA) – 420